segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Vou contar a história de uma casa muito velha...

...Era uma vez, uma casa muito velha, tão velha que, já ninguém lá podia pernoitar.

A casa era de um senhor velhinho, muito velhinho que nos tempos áureos da sua vida, a tinha adquirido para passar férias, já que aquela era a terra que o tinha visto nascer, mas que pelas piores razões, foi obrigado a deixar com 7 anos de idade quando rumou sozinho a Lisboa, pois a mãe tinha acabado de se suicidar o pai não queria saber dele.


O Velhinho e o Bisneto mais velho na terra que o viu nascer

Era uma casa com 3 quartos, dois dos quais interiores, uma pequena sala, uma cozinha, uma garagem onde não cabia o carro… tal não era a confusão.

A percorrer toda a casa, havia um sótão, onde não se punha nada, apenas os ratos conviviam com todos os outros tipos de animais de campo.

Atravessando o quintal, estava a casa de banho completa, com banheira é verdade, mas a água, essa, não havia canalizada, a banheira servia apenas para amparar a água que era aquecida em panelas de ferro no “fogão de chão” e que depois de “destemperada” era deitada por cima dos corpos.

Como era uma casa de férias e que nunca sofreu nenhum tipo de obras, foi-se deteriorando. A caliça das paredes cedeu, e os móveis tiveram que ser todos encostados à parede para a amparar.

Com a chegada da água canalizada à vila, chegou também o dia, em que o filho e netos (leia-se neto, neta e marido desta) do velhinho, decidiram meter mãos à obra, e fazer daquela casa (que em tempos tinha sido de férias mas que agora era apenas mais uma casa fechada numa aldeia de Portugal), uma casa de lazer para toda a família.

Estávamos no ano 2000.

E assim começaram, foram anos de romaria TODOS os fim-de-semana para a “terra” que não era deles, mas que eles adoptaram.

Começaram por destralhar, partir e construir, aquilo que dava para fazerem, sim, porque aquelas obras, FORAM ELES (uma família de Eng. Civis), que as fizeram, aquela casa, foi quase toda construída por eles, com muito trabalho, com muitos sacrifícios, mas também como muito prazer.

Claro está, que chegou a uma altura em que tiveram que entrar profissionais e em que “passaram a pasta”.

Estamos no ano de 2012 e embora as obras já tenham acabado (não há muitos anos), faltam ainda algumas coisas, pois os mealheiros “secaram” e o “porco” ainda está a ser engordado. Mesmo assim, são muitos os bons momentos que a família tem passado na sua casinha de lazer.
E o Sr. velhinho, esse, ainda consegui ver a sua casinha reconstruída e passar alguns bons momentos lá.
Partiu o ano passado, mas feliz, pois aquilo que mais temia era que a família vende-se a sua casa. Partiu com a certeza, de que isso não aconteceria.

E não acontecerá, Avô!

A mesma sorte não teve a sua esposa, que não chegou a ver a casa depois de reconstruída.

Esta é a história de uma casa, em que em cada parede há amor…





6 comentários:

  1. Pena que seu avô não leu essa homenagem a ele, a vida dele.

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  2. Gostei da historia, gostei de saber que o avô ainda vio a sua casa ao fim de tantos anos recosntruida, mas como sou curiosa gostava de ter visto uma foto da casa..lol.
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  3. Adorei a história da casa desse velhinho!!toda a gente devia preservar as suas raízes, mas infelizmente nem sempre é possível, parabéns para voçês!!!bjs e bom fim de semana

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  4. Que bonita história! Ninguem gosta de ver algo que teve durante toda a vida de um momento para o outro perder a identidade toda passando para outras mãos.

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  5. Oh linda...esta história comoveu-me...isto é
    a prova de que com amor e dedicação tudo se consegue e não esquecer de ir sempre atrás dos nossos sonhos! ;)

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    1. É por isso, que também tu, não deves NUNCA abandonar os teus sonhos.

      Um grande beijinho,
      MJ

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